FUTURISMO E VONTADE DE POTÊNCIA NIETZSCHEANA

Prof. Dr. Ernesto de Souza Pachito

UFES – Universidade Federal do Espírito Santo

RESUMO

Comparação entre o Futurismo e a obra de Nietzsche A Vontade de potência. Aspectos dinâmicos deste estilo artístico em comparação com a filosofia do devir de Nietzsche. Breves aspectos do anti-liberalismo, e anti-burguesia do Futurismo e a filosofia de Nietzsche. Futurismo e anarquismo. Breve comentário sobre Futurismo e a ideologia nazista de Alfred Rosenberg.

FUTURISMO                          VONTADE DE POTÊNCIA                   DINAMISMO

ARTE

Comparison between Futurism and Nietzsche’s work The Will to Power. Dynamic aspects of this artistic style compared to Nietzsche’s philosophy of becoming. Brief aspects of anti-liberalism, and anti-bourgeoisie of Futurism and Nietzsche’s philosophy. Futurism and anarchism. Brief commentary on Futurism and Alfred Rosenberg’s Nazi ideology.

FUTURISM                                       NIETZSCHE                                    DYNAMICS

ART            

Podemos notar já em Hegel a relativização da ideia de verdade nas ciências e na filosofia. Leia-se a Fenomenologia do espírito e perceba-se o movimento do Espírito no sentido de gerar ideias diversas, ou contraditórias, sobre determinadas questões. Vejamos:

2 – [So wird auch] Do mesmo modo, a determinação das relações que uma obra filosófica julga ter com outras sobre o mesmo objeto introduz um interesse estranho e obscurece o que importa ao conhecimento da verdade. Com a mesma rigidez com que a opinião comum se prende à oposição entre o verdadeiro e o falso, costuma também cobrar, ante um sistema filosófico dado, uma atitude de aprovação ou de rejeição. Acha que qualquer esclarecimento a respeito do sistema só pode ser uma ou outra. Não concebe a diversidade dos sistemas filosóficos como desenvolvimento progressivo da verdade, mas só vê na diversidade a contradição. (HEGEL, 1992, p. 22).

Ainda:

O botão desaparece no desabrochar da flor, e poderia dizer-se que a flor o refuta; do mesmo modo que o fruto faz a flor parecer um falso ser-aí da planta, pondo-se como sua verdade em lugar da flor: essas formas não só se distinguem, mas também se repelem como incompatíveis entre si. Porém, ao mesmo tempo, sua natureza fluida faz delas momentos da unidade orgânica, na qual, longe de se contradizerem, todos são igualmente necessários. É essa igual necessidade que constitui unicamente a vida do todo. Mas a contradição de um sistema filosófico não costuma conceber-se desse modo; além disso, a consciência que apreende essa contradição não sabe geralmente libertá-la – ou mantê-la livre – de sua unilateralidade; nem sabe reconhecer no que aparece sob a forma de luta e contradição contra si mesmo, momentos mutuamente necessários. (HEGEL, 1992, p. 22)

Estava solapado o primeiro pilar do edifício da verdade absoluta e da pureza das ideias teóricas, abrindo o caminho para atitudes niilistas como vemos em Nietzsche.

Neste último vemos a crítica a Sócrates e seu instituto da verdade única em contraposição à dialética dos sofistas. Em A Vontade de potência, Nietzsche condena as “Tendências niilistas nas ciências naturais (“absurdos”); causalismo, mecanicismo. A submissão às leis é um intermédio, um resíduo.” (NIETZSCHE, 2017, p. 145-146). Por “intermédio” Nietzsche quis dizer mediação num sistema semiótico onde o objeto de estudo se relaciona com um sujeito, através de uma imagem, mantendo-se este sujeito sempre distante desse objeto? Ou o “intermédio” quer dizer meio para um fim onde o impulso vital é prejudicado? E que o contato com a vida é, assim, mediado, escamoteado? E por “resíduo” Nietzsche quis dizer aquilo que nos sobra numa relação assim, novamente, mediada com a vida? É o que nos perguntamos a partir da tradução que lemos.

Sabendo-se da influência de Nietzsche sobre o futurismo italiano, esse pensamento nietzscheano poderia ocasionar uma negativa, por parte desse movimento artístico, de seguir determinações de ordem (lógica), nos esquemas do liberalismo e do marxismo, tendendo ao caos como princípio? Com relação à sua apologia aos conflitos de rua, sim.

Essa “ordem” socrática é a mesma ordem de um Iluminismo, filho da Pólis, muito embora a Pólis tenha sacrificado Sócrates. Tal Iluminismo, ou Esclarecimento, é um Espírito de Época que acompanha o Ocidente desde a Polis, ou, de forma contínua desde o Renascimento, com a ascensão da burguesia. É o espírito “democrático”, liberal. Também contra esse espírito se insurgiu Nietzsche.

Falando sobre o niilismo destrutivo do impulso de vida, Nietzsche denuncia, no mesmo livro, “[…] que tudo o que alivia, cura, tranquiliza, atormenta, venha em primeiro plano, sob roupagens diversas, religiosas ou morais, políticas ou estéticas, etc.” (NIETZSCHE, 2017, p. 147). Ele afirma isso em relação a um niilismo “fatigado”, cujo principal representante, segundo ele, é o budismo.

Essa metafísica da verdade, essas estruturas lógicas “universais e necessárias”, por certo indignaram Nietzsche como reino do repouso absoluto, de verdades eternas. A isso se contrapõe o vir-a-ser dos fenômenos para serem vividos, não desvendados. O que se relaciona também com a fenomenologia de Heidegger que não busca a análise lógica e positivista de fenômenos em geral, mas, nas palavras de Husserl, a ida às coisas elas mesmas.

Ainda sobre verdade, Nietzsche afirma que:

[…] Absolutamente não existe verdade; que não há uma modalidade absoluta das coisas, nem “coisa-em-si”. Isto propriamente nada mais é que niilismo, e o mais extremo niilismo. Ele faz consistir o valor das coisas precisamente no fato de que nenhuma realidade corresponde nem correspondeu a tais valores, os quais são nada mais que um sintoma de força, por parte dos que estabelecem escalas de valor, uma simplificação para simplificar a vida (NIETZSCHE, 2017, p. 148).

Esta crítica contundente ao conceito de verdade, e à validade das grandes narrativas, irá alimentar uma certa produção artística contracultural no Ocidente a partir da década de 1950, afinada com a mídia hegemônica, dando ensejo às teorias sobre a pós-modernidade.

Mas se o futurismo pode ter sido avesso à metafísica da verdade conforme Nietzsche, ele, por outro lado, louva a tecnologia e a energia das máquinas. Inclusive seu uso da cronofotografia revela um enraizamento na ciência que viabiliza e embasa a tecnologia. Mas é possível aqui a ideia de um uso anárquico da tecnologia. Uma contradição: o uso da tecnologia contra a própria lógica que embasa a tecnologia.

Annateresa Fabris faz colocações interessantes no livro Futurismo: uma poética da modernidade:

[…] o movimento de Marinetti não propugnava, paralela à revolução estética, a fundação de um novo Estado e, mais ainda, que seu objetivo fundamental era a criação de um mundo tecnológico, dominado pela máquina, em que se instauraria a subversão da cultura do passado como agitação vitalista, permanente […] (FABRIS, 1987, p. 149).

Ainda:

Marinetti, de resto, no próprio ano de fundação do futurismo, para reafirmar aquela vontade de participação total que já caracterizava o primeiro manifesto, lança um manifesto político por causa das eleições, centralizado numa única proposta, “o orgulho, a energia, a expansão nacional”, alinhando-se ao lado dos ideólogos imperialistas, que pregavam o expansionismo e a guerra com tons mais retóricos, mas não dessemelhantes quanto ao objetivo daqueles usados pelo poeta. Em 1911, com a deflagração da guerra líbica, Marinetti volta explicitamente ao assunto, conclamando o governo a proclamar o nascimento do pan-italianismo, os artistas a se engajarem efetivamente no conflito como um grandioso espetáculo pirotécnico[.] (FABRIS, 1987, p. 150).

Sabemos que todos esses movimentos de caráter nacionalista têm um forte componente emocional, para não dizer romântico, num sentido heroico do termo. Mas é preciso entender que o Futurismo não se enquadra no fascismo, visto que o primeiro combate as tradições, em arte e outros campos, e não escolhe o coletivismo como organização social.

Annateresa Fabris cita Marinetti:

Poetas, pintores, escultores e músicos futuristas da Itália! Até que durar a guerra, deixemos de lado os versos, os pincéis, os cinzéis e as orquestras! Começaram as férias vermelhas do gênio! Nada podemos admirar hoje, a não ser as formidáveis sinfonias shrapnels [metralhadoras] e as loucas esculturas que nossa inspirada artilharia molda nas massas inimigas. (MARINETTI apud FABRIS, 1987, p. 150).

Essa ideia de esculpir com artilharia as massas inimigas (observemos a palavra massa como se a massa humana, móvel, viva, fosse análoga às massas de matéria estática esculpida, minerais) reforça a ideia de um anarquismo tecnológico, um contrassenso, visto que para se fazer um canhão é preciso muita racionalidade e disciplina industriais, o caráter móvel da massa humana é um aspecto de instabilidade motora da matéria a ser “esculpida”, o que nos traz um certo caráter dionisíaco na imagem.

Vejamos a posição de Fabris no que se refere ao ana rquismo em Marinetti, em relação a certa opinião otimista de Gramsci em relação ao futurismo:

Marinetti […], já em 1920, declarara o comunismo “quietude definitiva” e a ele contrapusera a visão de um “maravilhoso paraíso anárquico de liberdade absoluta, arte, genialidade, progresso, heroísmo, fantasia, entusiasmo, alegria, variedade, novidade, velocidade, recorde”, fora das noções tradicionais de classe, uma vez que nega a existência da polaridade dialética proletariado burguesia (FABRIS, 1987, p. 149).

Em 1913 o grupo futurista formado por Marinetti, Boccioni, Carrà e Russolo lançou um documento político de apoio ao expansionismo italiano, e à guerra, inclusive propondo algumas reformas educacionais, com ênfase em escolas politécnicas, e até mesmo com a ideia da educação física como meio de desenvolvimento, para a formação das classes dirigentes que iriam comandar a Itália no rumo de um futuro domínio ao menos das regiões circundantes ao Mediterrâneo.

Dentro da influência nietzscheana isso só se enquadra se pensarmos a máquina como potência nas mãos de uma elite com vontade de poder, potência de criação, potência de destruição (armamento) e como potência na dinâmica dos atos.

Annateresa Fabris nos fala da influência dos simbolistas franceses do fim do século XIX, com sua arte pela arte, sobre o pensamento de Marinetti. Ora, esta é justamente a época de Nietzsche, o decadentismo de sua vida e obra se afina com o clima das obras de Klimt (o grande “impotente” da pintura), de Odilon Redon, de Gustave Moreau.

Pensando o belicismo do futurismo pelo lado sócio-político, citemos Nietzsche em A Vontade de potência:

  1. Os valores superiores, a cujo serviço o homem deveria viver, sobretudo quando dispusesse deles de maneira grave e custosa, os valores sociais, a fim de fortalecê-los, como se fossem mandamentos de Deus, foram elevados acima dos homens como “realidades”, como o “verdadeiro mundo, a esperança do mundo a vir. (NIETZSCHE, 2017, p. 160).

Assim, podemos notar a correspondência ao futurismo e sua luta contra a democracia dos partidos que dominavam a cena política da Itália no início so século XX, conforme nos mostra Annateresa Fabris:

Na análise de Boccioni, outro elemento determinante é a polêmica antidemocrática que o leva a caracterizar o público como “um animalaço instintivo, o qual no fundo segue o instinto que o conduz na busca de um guia, de um dono, portanto de uma força”, para confirmar seu apelo à rotina, a tradição. (FABRIS, 1987, p. 148).

Ainda:

Se o temor de uma agressão austríaca leva a fortalecer tropas e armamentos na fronteira, o debate político cultural, é entretanto, dominado pela questão líbica, momento de aglutinação nacional e social, na qual muitos intelectuais imperialistas vislumbram o início de uma recomposição do tão cindido corpo social italiano, corpo social que o programa político futurista faz aparecer quase coeso ao justapor como tendências a serem vencidas os opostos blocos liberal e socialista, frequentemente convergentes em suas aspirações na óptica peculiar de Marinetti, Carrà, Boccioni, Russolo. (FABRIS, 1987, p. 151).

Vejamos o que diz Nietzsche sobre igualdade entre os homens:

Se o que apenas é permitido às naturezas mais fortes e às mais fecundas, para tornar sua existência suportável – os ócios, as aventuras, a incredulidade, e até incluindo a devassidão – fosse permitido às naturezas medianas, inevitavelmente fá-las-ia perecer. E efetivamente, sucede assim. A atividade, a regra, a moderação, as “convicções”, consistem, em uma palavra, em “virtudes de rebanho”: com elas a espécie de homens medianos atinge sua perfeição. (NIETZSCHE, 2017, p. 161).

Percebemos que essa ideia foi utilizada pelos nazistas, por exemplo: a existência de uma casta superior (a SS, por exemplo) dominando os demais. Inclusive, os líderes futuristas falavam em sacrifício da população na guerra, como quem fala de dar um passeio pelo parque. Sabemos que a SS era uma espécie de seita mística que se reunia no castelo de Wewelsburg, na Alemanha.

Nos diários de Alfred Rosenberg, uma das figuras mais importantes e líder intelectual do regime nazista, já em 1934 lemos sua indignação contra a Igreja Católica e sua piedade cristã:

O cristianismo romano está construído sobre medo e humilhação, o nacional-socialismo sobre coragem e orgulho. Agora os pregadores romanos têm de falar até do “cristo heroico”, afim de manter o passo. Tomara que essa nova tentativa de falseamento dos senhores pios chegue tarde demais. A grande transformação começou. (ROSENBERG apud MATTÄUS; BAJOHR, 2017, p. 169).

E ainda

[…] Depois de 10 anos o tempo estará maduro para um reformador que ocupará as edificações religiosas de outra maneira e lhes dará o caráter heroico de nosso tempo. Isto é, imagino que os entalhamentos como símbolos de devoção, muitas vezes horríveis, desfigurados do gótico tardio , sumam dos interiores da igreja e acabem nos museus. […]. (ROSENBERG apud MATTÄUS; BAJOHR, 2017, p. 159).

O que é uma profissão de fé estética anti-barroca, anti-passadista, talvez em prol de um neoclassicismo “romano” imperial, como foi praticado pela escultura do III Reich.

Alguns aspectos do anarquismo também são “superados” por Marinetti, vejamos o que diz Annateresa Fabris:

O gesto destruidor como gesto criador preconizado por Bakunin, a utopia anarquista da liberação da repressão pela extinção da propriedade, do direito, do Estado burguês, a proposição da violência integral, fundamentais na constituição das bases estéticas e ideológicas do futurismo, sob o impulso da guerra, acabam por passar em segundo plano, enquanto é enfatizado o componente “visionário” do anarquismo, aquele ideal de fraternidade universal que viria a instaurar-se na terra logo após a aniquilação das instituições sociais vigentes, as quais não deixavam espaço ao livre entendimento dos indivíduos. […] (FABRIS, 1987, p. 161-162).

Ainda:

A negação do contrato social em prol da livre associação não é partilhada pelos futuristas que, no manifesto político de 1918, propugnam uma série de medidas que deveriam renovar a fisionomia do Estado italiano, sedimentando e ampliando as propostas de 1913. […] (FABRIS, 1987, p. 161-162).

Voltando a Nietzsche, em A Vontade de potência, observemos a citação:

  • só prosperam os mais medíocres que nem sequer sentem este conflito [entre o instinto vital e o pessimismo de Schopenhauer]; a espécie superior malogra-se e indispõe-se contra si, como produto da degenerescência – por outro lado, indignamo-nos contra o medíocre que quer atribuir a si um caráter de finalidade e de sentido (ninguém mais pode responder a um para quê?); (NIEZSCHE, 2017, p. 164).

Aqui fica clara a defesa da potência em detrimento da acomodação do “homem comum”, os “anões pérfidos” para Nietzsche.

Falando do projeto de Estado do movimento futurista, Fabris nos diz:

[…] Na antevisão do Estado estético futurista, de uma sociedade perfeita dominada pelo “proletariado dos geniais”, Marinetti projeta seu anseio de construção de um novo mundo, à medida e à semelhança da figura do artista criador, isto é, em perpétuo devir, continuamente engajado na produção e na fruição da obra original. […]. (FABRIS, 1987, p. 163).

A ênfase no devir como forma de produção opõe-se à metafísica “estática” de um Parmênides ou de um Platão. É o estado, por certo, heraclítico, o mundo dinâmico em eterna produção. Isso nos aproxima de Nietzsche, mais uma vez.

Lemos em Annateresa Fabris, a proposição, por parte dos futuristas, de uma nova burguesia “dinâmica”, baseada na região norte da Itália, industrializada e um desprezo ao “clericalismo” e à burguesia “decadente” que havia na Itália àquela época. Mas as bases do futurismo, nesta época eram capitalistas (FABRIS, 1987, p.164-165).

Não é preciso procurar muito em Nietzsche para vermos seu desprezo pela burguesia, pequena ou alta, basta que leiamos as últimas citações acima.

Voltando a falar em dinâmica, na dialética novo versus antigo no movimento do devir, lemos n’A Vontade de potência:

Para a história do niilismo europeu

  1. Período de obscuridade: tentativas de todos os gêneros para conservar o antigo e não deixar o novo escapar-se.

Período de claridade: percebe-se que o antigo e o novo são antíteses fundamentais: os valores antigos nascem da vida decrescente; os novos, da vida ascendente.

Observa-se que o ideal antigo é ideal contrário à vida (nascido da decadência e determinando a decadência, embora adornado com as esplêndidas roupagens domingueiras da moral).

Compreendemos as coisas antigas e não somos suficientemente fortes para as novas […] (NIETZSCHE, 2017, p. 166).

Um pouco mais à frente, no mesmo livro de Nietzsche, encontramos uma condenação ao retorno da arte à estética neoclassicista, o que Nietzsche vê como um recurso para que o passado se esvaia (NIETZSCHE, 2017, p. 168). Surge a pergunta: se o passado não se esvair, como ele conviveria com a pulsante atualidade? A resposta pode ser que o passado dionisíaco se perde.

Sobre o niilismo “positivo”, aquele adotado por Nietzsche e que valoriza a vida e suas pulsões, este autor nos diz que “[…] O ‘niilismo’, ideal da mais alta potência do espírito, a vida mais abundante, é em parte destruidor, em parte irônico” (NIETZSCHE, 2017, 168). Isto nos faz pensar nos instrumentos criados por Luigi Russolo, os Intonarrumori, que acionados produzem sons parecidos com sons de máquinas (a representação da potência) mas guardam um aspecto irônico, na zombaria que faz com a música dita “clássica” de sua época, e no próprio efeito de seu som.

Sobre a razão em Goethe e Hegel, sobre a tentativa de racionalizar o universo e  a vida, para “encontrar no estudo o repouso e a felicidade”, sobre Hegel, principalmente, Nietzsche nos diz, na mesma obra, que este busca razão em tudo, “diante da razão, podemos submeter-nos e resignar-mos” (NIETZSCHE, 2017, p. 172). Ora, a atitude de resignação e submissão parece ser oposta à atitude futurista, mas ao mesmo tempo, a máquina é também filha da matemática; são aspectos contraditórios presentes no Futurismo. Ora, mas por que não ser contraditório se isso é justamente típico da dialética, já a heraclítica.

BIBLIOGRAFIA

FABRIS, Annateresa. Futurismo: uma poética da modernidade. 1a. Ed. São Paulo: Perspectiva, 1987.

HEGEL, Georg W. Friedrich. Fenomenologia do espírito.Parte I Trad. Paulo Meneses com a colaboração de Karl-Heinz Efken.2a. Ed. Petrópolis: Vozes, 1992, p. 21-62.

MATTÄUS, Jürgen; BAJOHR, Frank (orgs.). Os Diários de Alfred Rosenberg: 1934-1944. Trad. Cláudia Abeling. 1a. Ed. São Paulo: Planeta, 2017.

NIETZSCHE, Friedrich. A Vontade de potência. Trad. Mário Ferreira dos Santos. Petrópolis: Vozes, 2017.

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